A CAPITAL MAIS BEM ILUMINADA DO SÉCULO XIX – HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO – CAP. 8
OS investimentos em iluminação no Brasil abrangeram todas as regiões, mas especialmente dois estados – Rio de Janeiro e São Paulo – foram os grandes propulsores na adoção das novas tecnologias, atendendo à demanda do desenvolvimento econômico.
No Rio de Janeiro, a atividade existente no período colonial estava voltada para o óleo de baleia, fundamental para iluminação, mas que também era utilizado nas construções de maior porte, formando uma liga de alta resistência mecânica com a cal, a areia e a pedra. Por sua vocação marítima, o Rio era uma das fontes de suprimento para as demais comunidades do interior e mantinha, em Niterói, um belo edifício destinado à preparação do óleo de baleia, fonte provedora de luz por cerca de dois séculos.
No entanto, as condições precárias de iluminação permaneceram ao longo do século XVIII. A partir de 1763, com a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro, surge o primeiro sopro de progresso. Por iniciativa dos moradores, inicia-se a iluminação dos logradouros públicos, com a implantação de lampadários de madeira, envidraçados, a base de azeite de peixe, suspensos por varões de ferro, além de velas de cera. Eram acesos todas as noites pela própria população, exceto na lua cheia. Mais tarde, entraram em cena os acendedores de lampião, profissionais contratados que, perto da hora de escurecer, acendiam os lampiões. Ao amanhecer, eles voltavam para apagar, limpavam os artefatos e abasteciam quando necessário.
Somente em 1794, o serviço de iluminação passou a ser subsidiado pelos cofres públicos. Foram instalados 100 lampiões e candeeiros de azeite afixados em postes pelas ruas da cidade. Os lampiões eram custeados pelo poder público e pelos particulares.
O sistema, muito deficiente para uma cidade que já contava com 40 mil habitantes, estabelecia, na região central, quatro lampiões nas ruas de maior movimento e dois nas demais. As casas eram iluminadas por meio de pequenos cilindros coloridos de vidro, com cera e um pavio no centro. A maior preocupação era com a segurança, razão pela qual o sistema de iluminação pública estava subordinado à Intendência de Polícia.
A mudança do centro de decisão de todo o reino para o Rio, em 1808, representou um marco e beneficiou muito o serviço de iluminação, melhorando as condições existentes. Foram instalados diversos lampiões ao redor do Paço Real (atual Praça XV de Novembro) e em algumas ruas e praças da área central da cidade. Também o palácio da Quinta da Boa Vista (São Cristovão) recebeu investimentos e teve seu caminho de acesso iluminado com candeeiros sustentados por varões de ferro, instalados em colunas e que ficou conhecido como Caminho das Lanternas. Em 1822, a responsabilidade pelo serviço passou para a Câmara Municipal da cidade.
Três fatores determinaram um aumento no número de lampadários instalados: os subsídios reais, a transferência da Corte Portuguesa para o Rio e a criação do imposto para a iluminação. Isto caracterizava a preocupação da realeza com a segurança, ainda precária, devido ao calor que embaçava os lampiões e comprometia a visibilidade durante o curto período de acendimento.
Com a volta da Corte a Lisboa em 1821 e a conquista da independência em 1822, o progresso continuava a fluir. Em 1827, por decreto, os impostos que beneficiavam a Metrópole foram revertidos para as capitanias. E, em 1828, o serviço de iluminação passou da Intendência de Polícia para a municipalidade, que, a partir de 1830, começou a receber os fundos necessários para as melhorias. Em 1833, o sistema urbano foi ampliado com mais de 100 lampiões.
O sucesso da iluminação a gás
As primeiras tentativas de se implantar a iluminação a gás no Rio ocorreram entre 1828 e 1834, mas não se concretizaram por ser considerado perigoso. Em 1851, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, consegue a concessão e assina o contrato, construindo a fábrica de gás no Canal do Mangue, assessorado por engenheiros ingleses. A fábrica contava com formas e retortos para destilação de carvão, purificadores de gás, dois grandes gasômetros e um laboratório de medição, além de todos os equipamentos necessários para sua operação. As tubulações estendiam-se ao longo do Paço e mais cinco ruas e foram inauguradas em 1854. Em dezembro, desse mesmo ano, alcançaram o passeio público, onde os lampiões tinham um aspecto decorativo com vidros coloridos.
O Rio de Janeiro foi então a primeira cidade em toda a América Latina a ter iluminação a gás pela destilação do carvão mineral, que predominou por mais de meio século como combustível para iluminação, resistindo, inclusive, às inovações oferecidas pela eletricidade no alvorecer do século XX. Em 1854, a cidade contava com 1.853 pontos de luz a gás e 20 km de rede subterrânea de ferro.
O sistema dependia da hulha importada da Inglaterra e o problema de escoamento dos resíduos industriais, levaram a empresa a executar a abertura do Canal do Mangue (1857/60), com posterior urbanização de toda a área. As tubulações em ferro fundido constituíram outro problema e um investimento de vulto. Para superar, Mauá decidiu produzi-las nas instalações de Ponta de Areia, que se tornou o maior empreendimento industrial do país.
Nessa planta também foram produzidos os postes metálicos com canalização interna, longitudinal, requeridos pelo novo sistema, elemento essencial às instalações, até então inexistente, pois se utilizava a luminária (lanterna) com soluções móveis e baixa altura. O poste permitia realçar a luminária, levar em segurança o gás iluminante e distribuir melhor os pontos de luz nas praças e ruas mais longas. Além disso, teve um projeto mais bem elaborado, rebuscado,
já que o processo de fundição em ferro possibilitava refinamento.
Com o sucesso da iluminação a gás, em 1857, o Rio de Janeiro já possuía 3.027 combustores na região central da cidade. Para atender à demanda, foi instalado um terceiro gasômetro, com 40 metros de diâmetro.
No entanto, em 1865, o controle da empresa, que estava em dificuldades, passou para um grupo inglês, tornando-se a Rio de Janeiro Gas Company Ltd, que contava, na oportunidade, com 5.051 combustores instalados e representava 1% da receita geral do império. Vencido o prazo de concessão, a empresa foi transferida por concorrência, em 1885, para um grupo belga e passou a se chamar Societe Anonyme Du Gas de Rio de Janeiro (SAG), nome preservado por longo tempo. O gás passou a ter outras aplicações e enfrentou dificuldades para atender novas solicitações. Assim, o gás de nafta (conhecido como gás “globe”) surgiu como solução para a iluminação pública em áreas mais afastadas.
No final da década de 80, a empresa contava com 6.300 combustores de iluminação pública, um gasômetro em Botafogo e outro em Vila Isabel, além de expandir a fábrica. Em 1890, o número de combustores chegava a 10.234 e, no final do século, 14.759 combustores públicos estavam em uso, atendendo 26.000 consumidores. A rede contava com mais de 500 km de tubulação e a fábrica produzia acima de 21 milhões de metros cúbicos de gás por ano. Em 1911, a SAG renovou sua concessão e inaugurou nova fábrica de gás em São Cristovão, com um gasômetro de 90 mil metros cúbicos.
O sistema de gás expandiu-se e teve o seu apogeu em 1912, com 22.440 combustores instalados, cobrindo a maioria das áreas urbana e suburbana. A partir daí, com a entrada da energia elétrica, começou a declinar até que, em 1933, foram desligados os últimos remanescentes de uma era que transformara o Rio, de um obscuro burgo colonial em uma das mais bem iluminadas capitais do século XIX.
Eletricidade deslumbra os cariocas
Em 1879, o Rio de Janeiro estabeleceu novo marco no Brasil e na América Latina, desta vez pelo uso da eletricidade em instalação de caráter permanente para fins de iluminação, ao equipar as dependências internas da estação central da Estrada de Ferro D. Pedro II. Esta iniciativa colocou o município dentre os primeiros em âmbito mundial.
A partir de 1902, iniciou-se um novo ciclo com a eleição de Francisco de Paula Rodrigues Alves, que viabilizou um completo planejamento urbano, onde a iluminação foi utilizada como fator de modernização. O sistema se baseava em luz elétrica, mas de origem térmica, fornecida por uma usina instalada na Rua da Alfândega, junto à sede da Societe Anonyme de Gas.
As limitações de carga e o desempenho da nova tecnologia levaram à adoção de um sistema misto, onde o gás e a eletricidade partilharam a modernização. Assim, ao longo da nova Avenida Central, foi instalada uma linha de postes, equipados com luminárias de arco voltaico, fechadas, com mil velas cada uma. E, ao longo das sarjetas laterais, uma linha de postes coluna dotados de braços laterais com combustores a gás.
A luminosidade resultante deste sistema deslumbrou os cariocas e a inauguração noturna da avenida em 1905 foi um evento de projeção nacional. Também a Avenida Beira Mar beneficiou-se dessa solução elétrica e o sucesso desse sistema expandiu-se para as demais áreas da região metropolitana. Após assumir a Inspetoria Geral de Iluminação da Capital Federal, o engenheiro Otto de Alencar impulsionou essa grande transformação, que começou em 1909. Nessa época, a energia hidrelétrica disponível já era abundante e poderia atender às primeiras utilizações de interesse público: a iluminação e a tração elétrica urbanas.
Em 1887, foi fundada a Companhia de Força e Luz na cidade, que alimentava eletricamente os bondes e a iluminação, sem riscos de incêndios. Em 1904, transformou-se na The Rio de Janeiro Tramway, posteriormente Light – Serviços de Eletricidade S.A.. Foram implantadas as redes de iluminação pública alimentadas por energia elétrica, cuja fiscalização passou a ser de responsabilidade da Inspetoria Geral de Iluminação do Município do Rio de Janeiro, a partir de 1909. A Light-Rio começou, então, a incorporar diversas empresas locais de tração urbana e telefones, além da SAG. Dessa forma, os serviços de importância vital para a cidade – cabos elétricos, trilhos de bonde, condutores de gás e linhas telefônicas – passaram a ser controlados pela empresa no período de 1905 a 1930.
A lâmpada incandescente substituiu os sistemas existentes e, a dificuldade de importação, após ser decretada I Guerra Mundial, fez com que o Rio de Janeiro se tornasse novamente pioneiro com a implantação de diversas indústrias. Dentre elas, a planta da General Electric do Brasil em 1919, que produziu as primeiras lâmpadas no Brasil e em toda a América Latina. Eram lâmpadas a vácuo, com bulbo claro, destinadas a uso residencial. A partir de 1921, começou a produção regular de lâmpadas e também um trabalho de nacionalização dos produtos, cujos componentes eram todos importados.
Em 1923, foi iniciada a fabricação de bulbos. Logo a seguir, a de globos para iluminação pública e, posteriormente, para iluminação interna. A produção da lâmpada propiciou a implantação no País de outros equipamentos elétricos, igualmente pioneiros. A década de 20 assistiu, ainda, a origem da indústria de transformadores, medidores de energia e chaves elétricas, nesse mesmo parque industrial. Em 1930, a Light-Rio instalou sua fundição em Vila Isabel, onde produzia postes e braços para iluminação pública. Também a partir dessa década, deu-se um grande surto de nacionalização no Rio de Janeiro na área de luminárias. Todos esses investimentos fizeram com que o Rio de Janeiro se posicionasse como o maior centro industrial do país, que supriu o mercado até o final da II Guerra Mundial, quando surgiram novos empreendimentos industriais no setor e consagrou-se a engenharia de iluminação sob a expressiva designação de luminotécnica.
Assim, em 1926, foi criado o Lighting Service Bureau (LSB), entidade sem fins lucrativos, que tinha como objetivo recolher, centralizar, distribuir e disseminar todos os ensinamentos relativos à iluminação, formar engenheiros especialistas, manter uma campanha de propaganda em favor da boa iluminação, explicar e demonstrar por meio de conferências, cursos e publicações os princípios que servem de base às instalações racionais. Fundado e mantido pela General Electric em colaboração com a Light e outras empresas interessadas, o LSB também realizava estudos e projetos de iluminação racional gratuitos e ficou no Rio de Janeiro até 1935, quando suas atividades foram absorvidas pela General Electric.
Período áureo na iluminação pública
Vários logradouros no Rio de Janeiro foram beneficiados com o programa de modernização da Inspetoria Geral de Iluminação. Nesse plano, lâmpadas de mil lúmens foram substituídas por 2 mil lúmens e as de 4 mil lúmens utilizadas em todas as ruas com tráfego intenso foram substituídas por 6 mil lúmens. Houve, ainda, uma reformulação geral na distribuição das fontes de luz e na substituição de postes com o uso de globos Novolux, muitos deles equipados por refratores internos Holophone.
Os primeiros logradouros beneficiados foram as avenidas Beira Mar, Rio Branco, Presidente Wilson e Nossa Senhora de Copacabana e a maioria das ruas desse bairro. Posteriormente, foi a vez da Avenida Atlântica. Na etapa seguinte, os benefícios estenderam-se a outras artérias da cidade. Os monumentos começaram a ganhar maior destaque, à noite, com a instalação de projetores comandados pelo sistema de iluminação pública. Por exemplo, o túnel do Leme foi iluminado por sistemas distintos para os períodos diurno e noturno, a fim de minimizar problemas com adaptação visual. O Cristo Redentor ganhou um sistema de iluminação especial com 16 projetores tipo Novalux. Posteriormente a instalação foi aumentada para 28 projetores, com lâmpadas de 20 mil lúmens alimentadas por um circuito-série de 20 ampéres. Esse sistema foi inaugurado em 12 de outubro de 1931 e teve projeção internacional, pois foi acionado da Baía de Nápoles, Itália, por Guglürmo Marconi.
Com isso, comprovou-se o alcance surpreendente das ondas hertzianas e a potencialidade dessa descoberta científica. A iluminação do Rio de Janeiro atingia seu período áureo. Os contornos da baía pontilhados de luzes foram chamados de colar de pérolas da Guanabara e a metrópole passou a ser conhecida, por muito tempo, como a cidade-luz sulamericana. No entanto, a década de 30 presenciou os primeiros sinais dos novos tempos, com surpreendentes resultados de um gigantesco trabalho de desenvolvimento tecnológico mundial. As diversas linhas de pesquisas apresentavam frutos prontos para comercialização na família de lâmpadas neon, lâmpadas fluorescentes tubulares, lâmpadas a vapor de sódio a baixa pressão e lâmpadas a vapor de mercúrio a alta pressão.
O uso inicial foi tímido e pouco se expandiu até a II Guerra Mundial. Superado o conflito, em pouco tempo, houve verdadeira revolução provocada pelas novas tecnologias. O Rio de Janeiro, no entanto, reagiu de maneira pouco entusiástica às inovações, porém a expansão do sistema incandescente prosseguiu a passos largos.
Tanto que, em 1937, a GE introduziu em sua Fábrica Mazda, a produção mecânica de bulbos, por meio de máquinas Westloke, automáticas, para atender à demanda crescente. Com isso, estabelecia-se outro marco pioneiro no Rio de Janeiro, de expressão latinoamericana.
Em 1945, o sistema de iluminação pública, principalmente em circuito em série, atingiria 1.827 km de rede com lâmpadas incandescentes, expandindo-se para 2,5 mil km dez anos depois. Como se vê, o predomínio do sistema incandescente era tal que pouco foram as concorrências de instalação de lâmpadas de descarga registradas no Rio de Janeiro, até a década de 40. Já, no que se refere às lâmpadas neon, a mais antiga das novas tecnologias disponíveis, é possível que sua primeira presença no Rio tivesse ocorrido no início da década de 20. Em 1927, foi utilizada no Palácio da Guanabara, durante uma recepção dada pelo presidente Washington Luiz, em comemoração à Independência do Brasil. Na década de 30, houve disseminação de forma lenta para fins comerciais, mas o grande impulso ocorreu na década de 40.
Já, as lâmpadas a vapor de mercúrio marcaram sua presença no Rio de Janeiro, pela primeira vez, em 1936, por ocasião da remodelação do Túnel Novo, que liga o Botafogo a Copacabana. Foram instaladas um total de 28 lâmpadas incandescentes de 4 mil lúmens, juntamente com uma fileira de 15 lâmpadas a vapor de mercúrio GE, com 400 Watts, no topo do teto. O objetivo era melhorar a visibilidade no período diurno, a fim de reduzir o problema de adaptação visual, provocado pela luz intensa no exterior.
Com a posterior duplicação do túnel em 1947, todo o sistema foi retirado e substituído por fileiras de luminárias embutidas com lâmpadas incandescentes GE. Em 1953, a GE fez um experiência na Praia do Flamengo ao instalar 10 luminárias F-79, de fabricação nacional, equipadas com lâmpadas de 400 Watts (cor corrigida), que substituíram as lâmpadas incandescentes nos postes existentes. Essa instalação permaneceu por vários anos com sucesso. Não foi encontrado registro antigo da lâmpada de sódio a baixa pressão, mas a lâmpada fluorescente entrou maciçamente no País durante a II Guerra Mundial, graças a um extenso plano de nacionalização desenvolvido pela GE, na Fábrica Mazda. Com isso, o Rio de Janeiro registrou mais um pioneirismo nacional.
A empresa lançou, em 1942, as primeiras lâmpadas fluorescentes nacionais, nas potências de 20 e 40 Watts, para circuito convencional. Em 1945, foram produzidos os primeiros reatores nacionais também na Fábrica Mazda e as luminárias passaram a ser produzidas localmente sob a orientação da GE. As tradicionais empresas do setor se uniram a outras mais novas e fundaram, no final da década de 40, a Instalação Fluorescente, com o objetivo de atuar exclusivamente nesse novo setor de iluminação.
Em 1955, surgiram as primeiras lâmpadas nacionais de partida rápida e os respectivos reatores, produzidos na Fábrica Mazda. A disponibilidade desse sistema incentivou a aplicação em interiores com destaque para grandes edifícios comerciais. Pela primeira vez, a hegemonia da lâmpada incandescente sentiu-se ameaçada.
A onda fluorescente também influenciou a iluminação pública no Rio de Janeiro. Em 1949, a Inspetoria de Iluminação inaugurava, na Avenida Brasil, um trecho de 10 km iluminado com lâmpadas fluorescentes de origem inglesa. As luminárias tinham três lâmpadas de 80 Watts e 1,50 m de comprimento, instaladas em postes altos, em ambos os lados da avenida, que foi construída na década de 40.
Nos últimos anos da década de 50, o governo local determinou que a iluminação pública fosse feita com lâmpadas fluorescentes, por serem mais modernas, mas teve problemas com a concessionária que reivindicava o reajuste de tarifas. Uma medida legal transferiu a responsabilidade do contrato de concessão para o recém-criado Estado da Guanabara, resultante da mudança da capital para Brasília. Por essa resolução, o Departamento Nacional de Iluminação e Gás (D.N.I.G), que substituiu a Inspetoria Geral de Iluminação como órgão fiscalizador, passou também para essa mesma esfera estadual. No entanto, somente a partir da década de 60, que se registrou maior predisposição em aceitar soluções mais modernas na iluminação pública.
Em 1961, o governo do Estado da Guanabara criou a Coordenação dos Serviços de Energia Elétrica, que se incumbiu também da fiscalização, até a criação da Comissão Estadual de Energia – C.E.E., em 1963, responsável pela modernização do sistema de iluminação pública do Estado da Guanabara, bem como de fiscalizar a concessão remanescente ainda confiada à SAG (e substabelecida à Light-Rio) de todo o sistema existente à base das tradicionais lâmpadas incandescentes, que por meio século enalteceram a imagem do Rio de Janeiro. Após a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara em 1975, a C.E.E. transformou-se na Comissão Municipal de Energia – C.M.E., que foi extinta em agosto de 1990, sendo então criada a Companhia Municipal de Energia e Iluminação -RIOLUZ.
A Light-Rio permaneceu com a atribuição de gerir todo o sistema de iluminação pública com lâmpadas incandescentes para fins residenciais, industriais, comerciais e de serviços, enquanto que a área governamental iria expandir ou renovar progressivamente o sistema existente com a instalação de lâmpadas de descarga.
Surgiram, então, algumas iniciativas com lâmpadas fluorescentes. A mais significativa foi a do Túnel Santa Bárbara (Catumbi-Laranjeiras), que utilizou uma nova geração de lâmpadas, conhecida como Power Grove, desenvolvida pela GE, nos EUA, que já serviria de base para toda a iluminação externa de Brasília. Eram lâmpadas de maior potência luminosa, de 1,20 m de comprimento (110 Watts), 1,80 m (160 Watts) e 2,40 m (215 Watts). O bolbo tubular diferenciava-se das demais lâmpadas permitindo a geração de um maior fluxo luminoso. Foram utilizadas 1.580 lâmpadas em duas fileiras no teto falso do túnel. Os reatores foram instalados no interior do túnel de insuflamento de ar existente sobre o teto falso, facilitando seu resfriamento. Essa instalação perdurou até a década de 70, quando foi substituída por lâmpadas a vapor de mercúrio e, posteriormente, por lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão.
Outra instalação fluorescente interessante foi realizada na Avenida Perimetral, inaugurada em fins da década de 50 para iluminar as faixas de rolamento das pistas elevadas. Utilizou-se lâmpadas fluorescentes comuns, de 40 Watts, no interior de luminárias nacionais, seis por unidades, instaladas em postes localizados, frente a frente, ao longo das defensas laterais.
Ao todo, o sistema fluorescente pouco evoluiu na iluminação pública do Rio. O grande surto de lâmpadas de descarga deu-se com as instalações de lâmpadas a vapor de mercúrio a alta pressão, já consagradas mundialmente na solução urbana para iluminação pública. O apogeu das lâmpadas a vapor de mercúrio a alta pressão ocorreu nas décadas de 60 e 70, que se consagrou como a era das grandes mudanças na iluminação, tanto na cidade do Rio de Janeiro como em outros centros urbanos do País.
Nesse período, houve um surto de novas tecnologias nas lâmpadas de descarga, com vantagens significativas em relação às fontes de luz existentes. O ano de 1965 marcou a presença da nova lâmpada a vapor de sódio a alta pressão com eficiência luminosa superior à vapor de mercúrio, maior durabilidade e um espectro luminoso, que eliminou os problemas decorrentes de luz monocromática e limitou a expansão da lâmpada a vapor de sódio de baixa pressão. O Rio de Janeiro começou a se beneficiar dessa nova tecnologia, aplicando-a progressivamente às grandes avenidas, monumentos, túneis e elevados, além de instalações especiais de grande porte como a ponte Rio-Niterói, Aeroporto Internacional, Porto do Rio de Janeiro e outras.
Essas novas lâmpadas também foram aplicadas nos empreendimentos industriais, pátios de estacionamentos, clubes e outros. Já, as novas lâmpadas a vapores metálicos foram aplicadas onde a fidelidade das cores era imprescindível, como iluminação de praias, atividades esportivas televisionadas, entre outras.
Coordenação Editorial e Redação: Neide Lamanna
Capa: Raphael Lobosco
Projeto Gráfico: André Siqueira
Ilustração: Raphael Lobosco